UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ – UVA
POLO PINHEIRO – MA
DISCIPLINA: TEORIA E ORGANIZAÇÃO CURRICULAR
PROFESSOR: ANDRÉ RAMOS

ANDERSON CORREA PEREIRA
LUCILEIDE MARTINS CORREA
MARANEIDE DIAS FERREIRA
MARANILDE FERREIRA MONTEIRO
MARA NÚBIA DIAS FERREIRA
NILA ROSA DE JESUS NOGUEIRA
ROSEMARY DOS SANTOS MOREIRA PIMENTA










HISTÓRIA DO CURRICULO E CONSTITUIÇÃO DO CONHECIMENTO ESCOLAR










Pinheiro
2010



1. INTRODUÇÃO

Coletivos de educadores de escolas e redes vêm expressando inquietações sobre o que ensinar e aprender, sobre que práticas educativas privilegiar nas escolas. Nos congressos de professores, nos dias de estudo e planejamento, a teoria pedagógica tem dado relevância a pesquisas e reflexões sobre o currículo.
A reflexão sobre história do currículo está de alguma forma presente nos projetos político-pedagógicos das escolas , nas propostas dos sistemas de ensino, na teoria pedagógica, na formação inicial e permanente dos docentes. Isto acontece porque, baseado nas experiências vividas, pode-se projetar ou imaginar como poderá ser o futuro, não em exatidão, mas tendo-o como referencial para se produzir uma proposta educacional que possa de fato atender as necessidades dos alunos, afinal de contas, são eles que tomam lugar de centralidade em todo o processo educacional.
O currículo presente nas escolas e na teoria pedagógica mostram a consciência “de que os currículos não são conteúdos prontos a serem passados aos alunos”. (MOREIRA, 2008). Nesse sentido podemos acrescentar que o currículo serve como horizonte para o fazer educacional na escola. É importante ressaltar que o Projeto Político-pedagógico de uma escola nunca pode ser desenvolvido sem a presença da comunidade, uma vez que esta também é responsável pelo crescimento e aprendizado dos alunos

2. REFERENCIAL TEÓRICO

A partir da década de 1980 o estudo sobre currículo foi iniciado no Brasil pelo Núcleo de Estudos e Currículos (NEC). O NEC é responsável por discussões acerca do currículo, bem como estudar a história, influencias e desenvolvimentos do currículo no Brasil. Inicialmente suas discussões eram influenciadas por teorias vindas sobretudo dos Estados Unidos. Enquanto lá se fazia divulgações de teorias políticas sobre currículo, bem como seus estudos, aqui no Brasil davam-se os primeiros passos no estudo do desenvolvimento do currículo brasileiro. O NEC, ao desenvolver seus estudos sobre currículo brasileiro, expõe suas conclusões em duas linhas de raciocínio. O primeiro diz respeito ao pensamento do currículo brasileiro; e o segundo versa sobre as disciplinas escolares que compõe o currículo. A seguir demarcaremos alguns preceitos teóricos sobre tais paradigma conceituais.


2.1 História do pensamento curricular brasileiro

Um grande ícone do estudo brasileiro curricular é Antônio Flávio Moreira, que chegou a coordenar estudo realizado pelo NEC. Entre 1984 e 1988, Moreira (1990) inicia estudos sobre currículo no Brasil desde sua origem até 1980 dando ênfase as possíveis influências sofridas pelo Brasil quanto as teorias e práticas de currículo.
Seu principal objetivo era mostrar que o Brasil produzia verdadeiramente seu currículo valorizando a realidade do país, isso porque era comum acreditar que o Brasil apenas copiava o modelo tecnicista presente nos Estados Unidos. Moreira não negava a influência exercida por outros países, mas apresentava a força de vontade de desenvolver um currículo naturalmente brasileiro por quem se dedicava a tal ofício.
De acordo com Lopes (2005), o grupo de pesquisadores coordenado por Moreira “buscou repensar o conceito de transferência”, passando a estudar o desenvolvimento do currículo na década de 1990, numa perspectiva do pensamento curricular e também do ensino curricular nas Universidades Cariocas. Depois desses estudos esse grupo passou a considerar outras categorias como globalização, hibridização cultural e cosmopolitismo, mas só foi possível graças a discussão sobre transferência educacional que foi aplicada. Na atualidade o grupo busca entender o multiculturalismo dentro da forma como se constrói currículo.


2.2 O estudo do pensamento curricular brasileiro e o estudo das disciplinas escolares.

Os estudos sobre o pensamento curricular brasileiro vem sendo desenvolvido pelo NEC com o objetivo de compreensão dos pensamentos de constituição do campo educacional. As reformas educacionais foram promovidas em alguns estados brasileiros, propõe-se a contribuir na formação de identidades individuais e sociais das populações brasileiras, com diversos fatores que contribuíram para a organização desses pensamentos.
Com o desenvolvimento dos currículos têm permitido a análise, não apena dos pensamentos mais também na produção teórica e na constituição das praticas vividas, entretanto diferentes discursos curriculares e sociais. Poe vezes os estudos do grupo deslizem entre o campo questionar os enfoques preservativos das primeiras décadas do campo do currículo, deixar de desenvolver proposições para a formação de professores, sempre orientados para a valorização das relações entre teoria e prática. Foi possível constatar que o interesse dos professores em motivar seus alunos com as vivências desses alunos de acordo com as carências que eles apresentar como a falta de professores preparados e capazes de implementar os seus pensamentos centrado para se adaptarem ao ambiente social e o refletissem para o crescimento e o desenvolvimento da sociedade.


2.3 Tendências educacionais

A história do Currículo Educacional no Brasil foi marcada por tendências significativas que fizeram a diferença ao longo dos anos 90.
O hibridismo foi um marco importante no campo curricular do Brasil nos anos 90. Onde as diversidades de opiniões serviram como base para a elaboração de um currículo onde o sujeito passa a ser um formador de opiniões onde contesta o tradicionalismo e busca a independência de conhecimentos mesclando as teorizações tanto pós-moderna quanto política na construção das teorias.
Existe atualmente uma cultura mundial. Todas as estruturas de conhecimento e de expressão diversamente distribuídas estão se tornando inter-relacionadas de algum modo, em alguma parte. As pessoas como os Cosmopolitas tem um papel especial na realização de um certo grau de coerência (...) Se no mundo só existem habitantes locais, a cultura mundial não passava de uma soma das suas partes separadas. (Hannertz, 1994).

Os conhecimentos absorvidos fora do campo educacional passou a ter seu papel fundamentado na filosofia e a sociologia onde juntas passaram a ser referencias para novos e necessários quesitos de elaboração de problemáticas de importante precisão para que possa redefinir um currículo, passando as temáticas a fazerem parte de um campo para o outro.
Entende-se que o currículo envolve não só a produção, mais a construção de novas problemáticas onde a principal meta é valorizar o hibridismo cultural, na medida em que forem inseridas no currículo onde esta associada a educação passou a ter uma contribuição satisfatória para uma definição do campo intelectual do currículo educacional. Acredita-se que o hibridismo tem mudado de tal forma o campo tornando-o mais abrangente as referencias assimilando-as a todos as áreas do conhecimento desfazendo o padrão tradicionalista, despertando para os conceitos sobre os estudos culturais ou a própria filosofia, isso tem contribuído para que seja inserido na constituição de novas identidades tornando mais possível a mesclagem para a elaboração de uma nova teoria curricular havendo um direcionamento entre as temáticas de um campo a outro.
Nota-se que a principal tendência do hibridismo é a valorização das diferenças culturais, intensificando as referências teóricas diversificadas.
O processo de desenvolvimento cultural associa a educação e o currículo aos processos culturais mais abrangentes e proveitosos na área intelectual do currículo educacional. A falta de exatidão como indefinição do capital cultural associam-se, mostra-se preocupante no momento em que é desconsiderada a especificidade da educação e dos processos curriculares. Não se pode negar a necessidade da continuidade significante estabelecidas entre as áreas e o sujeito, é preciso que se faça uma interação entre o poder e a dependência na qual o sujeito pesquisador do currículo adota para ser aquilo que lhe é útil o confronto das diversidades culturais.

2.3 Experiências educacionais no Brasil

Algumas experiências educacionais foram implantadas no Brasil na tentativa de adequar as condições de ensino daqui com as de outros países. A luz de teorias estrangeiras, vários teóricos buscaram enquadrar o ensino brasileiro a teorias desenvolvidas na Europa e na América do Norte. Mesmo essas tentativas tendo sido abafadas com o tempo, elas tornaram-se importante no campo do currículo, pois fortaleceram a idéia de que deveria criar uma estrutura escolar considerando a realidade brasileira.

2.3.1 São Paulo

As reformas educacionais foram promovidas em alguns estados, de São Paulo, em 1920 de Antônio de Sampaio Dória tentou erradicar o analfabetismo, buscando tornar obrigatório e preciso para todos desenvolvendo assim um nível primário.
As redes de ensino primário em pleno século XVI influenciaram as idéias progressistas e constituem as escolas organizadas abrangendo currículos acentuados. Desta forma a educação é vista de forma clara e objetiva e avaliando as reformas nelas contidas. O analfabetismo em São Paulo, na tentativa de promover a expansão da rede de ensino primário, tornando obrigatória a escolarização, dessa forma ocorrendo mudanças significativas no quadro de ensino devido a influência das idéias progressistas que davam suporte através de teorias da escola nova.

2.3.2 Bahia

Em relação às novas perspectivas ao currículo foram claras na reforma dos conhecimentos adquiridos na Bahia, promovida por Anísio Teixeira, pela primeira vez disciplinas escolares foram consideradas instrumentos para o alcance de determinado fim. Em seguida foi oferecido aos indivíduos oficinas, formações onde ajudaram os alunos a viver em sociedade, não só no crescimento intelectual do aluno, mas sim no seu desenvolvimento social, moral, emocional e físico.
A importância de se organizar o currículo escolar na Bahia foi feito um diagnóstico em harmonia com os interesses, as necessidades e os estágios de desenvolvimento das crianças. De acordo com a realidade do estado foi encontrado carência na formação de professores, onde a reforma preparou disciplinas como atividades de ensino e avaliação, a partir dessa organização os professores irão buscas novas habilidades, conhecimentos para que haja um bom entendimento, e possa transmitir aos seus alunos com objetividade e clareza.
O conhecimento torna-se não somente o ato de adquirir individual, mas uma das possibilidades de desenvolvimento da pessoa que terá reflexos da vida em sociedade.
As estratégias de ação e os padrões de interação entre as pessoas são definidos pelas práticas culturais e constitutivas dos processos de desenvolvimento e aprendizagem.
Após o trabalho na Bahia Teixeira foi para os Estados Unidos estudar com John Dewey na Universidade de Columbia. Foi após esses estudos que ele adotou, aplicou e divulgou no Brasil as idéias e princípios do Progressivismo americano.

2.3.3 Minas Gerais

Na reforma organizada por Francisco Campos e Mário Casassanta, em Minas Gerais, o pensamento da Escola Nova aparece baseado em um conjunto organizado de disciplinas e métodos pedagógico. Essa reforma procurou reorganizar o ensino das primeiras noções de um conhecimento. Na elaboração de seu papel a escola continuou sendo vista como devendo refletir a sociedade, mas também, de reconstrução social. E nela, também, que se percebe a utilização de regras definidas de elaboração de currículo e programas.
Os currículos e programas eram gerados como suporte para desenvolver na criança as habilidades de observar, pensar, criar, decidir e agir. O texto da reforma sugeria ainda que professores especialistas se preocupassem na construção de programas, não com quantidade, mais sim com a qualidade do conhecimento a ser aprendido. A reforma também recomendava o método da posição de interesses especificamente em disciplinas como conhecimento de coisas, higiene, instrução cívica e educação moral e cívica. Destacando ainda a necessidade de atividades, tais como visitas, excursões, organização de museus e clubes escolares, bibliotecas, etc.

2.3.4 Brasília

Essa reforma educacional que foi feita por Fernando de Azevedo considerada a mais revolucionária porque não se preocupou em investir em aspectos superficiais, administrativos ou pedagógicos, mais preocupou-se em estudar várias correntes filosóficas para poder fundamentar essa reforma.
Investiram em uma educação voltada a fazer uma ligação entre escola e sociedade. Ou seja, escola não estava isolada mais entrelaçada as técnicas. A partir desse momento já estava começando a ser implantado o tecnicismo dentro do currículo escolar, pois preocupava-se em formar pessoas para o mercado de trabalho e a escola a vir preparar esses aluno para esses novo modelo de sociedade.
Nesse momento ainda não era trabalhado com maior ênfase sobre o tecnicismo, mas já existiam pequenos requisitos desse modelo educacional.
Enfim essa reforma veio para modernizar o ensino para dar novos caminhos para a educação que esta sendo implantado até o momento. Veio modelar, ampliar, modificar ou organizá-lo, mas não de maneira solta e sim fundamentada a estudos filosóficos
CONCLUSÃO

A história do currículo escolar tornou-se motivo de estudo de instituições que, compromissadas com o desenvolvimento das condições de ensino aprendizagem das escolas brasileiras, voltou-se para o estudo dessas concepções com o objetivo de compreender o desenvolvimento do currículo no Brasil. Esses estudos foram tomando duas linhas de estudo: primeiro versava sobre o pensamento do currículo brasileiro e depois sobre as disciplinas escolares. Tendo estudado o pensamento do currículo, muitos movimentos da construção do currículo foram detectados, bem como as inúmeras influências que o Brasil sofreu de outros países no processo de constituição do currículo escolar. Nesse sentido foram desenvolvidas inúmeras tentativas de consolidação de uma estrutura curricular que se encaixava com a realidade brasileira. Muitas dessas tentativas foram inicialmente vantajosas, no entanto, no decorrer do processo foi-se percebendo que as teorias vindas de outros países não se encaixavam perfeitamente com a realidade brasileira. Vale ressaltar que, mesmo sendo falha essas tentativas, elas em muito contribuíram para o bom desenvolvimento de uma estrutura curricular que se encaixe com a realidade do país. Um exemplo dessas contribuições foi a introdução das disciplinas Filosofia e Sociologia, pois estas davam suporte para que o aluno pudesse desenvolver uma mentalidade crítica a cerca do mundo.